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Portugal, um país por descobrir
 
[A leitura deste artigo deve ser acompanhada de régua e um planisfério.]
 
Da esplanada do Centro Cultural de Belém, onde me sento a escrever este artigo, contemplo o Tejo, naquele que é o maior estuário da Europa Ocidental. À minha direita está a Torre de Belém, ponto de partida dos Descobrimentos portugueses; à esquerda, o Padrão que os celebra. E eu penso “Portugal, pequena economia aberta e periférica?!”. São três adjectivos que costumam estar associados à economia portuguesa e, neste artigo – se mo permitirem –, vou discordar de todos.  
 
Peguemos no planisfério. Relativamente ao continente Europeu, ou até mesmo à União Europeia, Portugal tem, efectivamente, uma localização periférica: estamos neste cantinho Sul, com o Cabo da Roca a fazer de nós o ponto mais ocidental (ignorando a Europa insular, obviamente). Tracemos, agora, as duas diagonais do mapa-mundo, para descobrirmos que, afinal, até estamos próximos do centro. É tudo uma questão de referenciais. Pois claro que é! Mas para que geografia devemos olhar? Para o Velho continente, euroesclerosado, que cresce menos de 3%? Ou para as novas economias emergentes, como China, Índia, Brasil e Angola, que crescem anualmente mais de 5% e andam a tirar milhares de pessoas da pobreza? A resposta parece-me clara, mas deixo-a ao vosso critério.
 
Portugal tem, então, de aproveitar esta sua localização privilegiada, charneira entre Europa, África e América. Depois de termos liderado a primeira vaga da globalização, não nos podemos arredar dos actuais fluxos mundiais de comércio e investimento directo. Mas não somos já uma economia aberta? Somos 60% abertos a avaliar pelo grau de abertura ao exterior. Se é muito, se é pouco, é, novamente, relativo. Mas está abaixo da média comunitária. O que é mais preocupante se atendermos a que o mercado interno português é exíguo, uma vez que somos pouco mais de 10 milhões.
 
Pouco mais de 10 milhões de portugueses espalhados por pouco mais de 90000 km2 fazem-nos crer que somos uma pequena economia. Isso e o facto de não estarmos entre os primeiros 30 no ranking do PIB. Esquecemo-nos de que temos a maior zona económica exclusiva da União Europeia, que é a segunda maior da Europa e que será das maiores do mundo se a proposta da sua expansão for aprovada. São, actualmente, cerca de 1.683.000 km2 de oportunidades. Quão pequeno é isso?! É muito kilómetro quadrado para ser desperdiçado! 
 
Reinvente-se, pois, este país, colocando-o no centro, abrindo-o ao mundo, tornando-o numa grande economia.
 
Por: Vera Gouveia Barros
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