Um combate de economistas na Madeira
Keynes agrada aos políticos, porque os autoriza a “gastar o que não é deles”.
De um lado, os seguidores de Hayek, do outro, os discípulos de Keynes. ‘O Combate do Século na Economia Política’ foi o tema escolhido pela Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Economistas (DRMOE), para o convívio de Natal que aconteceu ao final da tarde de ontem no Hotel The Vine. Para estratega do combate, o núcleo regional convidou Ricardo Arroja, economista e membro dos órgãos nacionais da direcção da OE e que desfiou a palestra ‘Hayek Vs Keynes: o combate dos últimos cem anos na economia política”.
Mas foi o presidente da DRMOE que aprofundou ao DIÁRIO a razão para debater este tema. Paulo Pereira parte de dois pressupostos: “Numa altura em que há um esgotamento dos efeitos das sucessivas rodadas de políticas monetárias (impressão maciça de dinheiro) dos principais Bancos Centrais do mundo, no qual se inclui o Banco Central Europeu (BCE), que aguentaram artificialmente as economias e que têm como face mais visível as bolhas nos principais activos (acções, arte, casas etc.), com o mais simples cidadão a perceber o quão inacessível está a se tornar uma simples e modesta habitação” e em época em que “se começam a criar pressões políticas, académicas e mediáticas para que se volte a políticas “fiscais” de investimento público – o vulgar esbanjamento e dinheiro dos cidadãos - para continuar por mais algum tempo a sensação artificial de crescimento económico” a DRMOE organizou o debate de ontem com vista a explorar “o mais famoso debate intelectual entre economistas, o de Hayek contra Keynes, entre defensores do livre mercado como garante do mais eficiente e possível alcance de bem-estar contra os defensores de constantes intervenções e protagonismo políticos nas economias”.
Paulo Pereira lembra que, na história, “Keynes ganha sempre nos governantes” já que “permite interpretações que autorizam os políticos a gastar o que não é deles, a regular a vida alheia, sempre com boas intenções, mas com resultados desastrosos, que normalmente já não lhes rebentam nas mãos, mas sim do próximo governante”. Por outro lado, Hayek “tem o consolo de ver a realidade dar-lhe razão, que só o indivíduo têm as suas preferências e circunstancias únicas e que é assim que quando toma decisões em liberdade, acaba por beneficiar espontaneamente o funcionamento da economia e o bem-estar dos outros cidadãos”.
Porque a DRMOE defende que a “economia é de todos para todos e não para ficar circunscrita a meia dúzia de eruditos”, o vídeo do debate ficará disponível no site da Delegação Regional, antecipa Paulo Pereira.
A pedido do DIÁRIO, o presidente da DRMOE dá uma aula sobre hipotéticas medidas que cada economista histórico, defenderia.
Vídeo do debate 1ª parte / 2ªparte