A Ordem dos Economistas na Madeira teme que a recuperação se venha a fazer em U.
Ou seja, perdurará muito no tempo.
Paulo Pereira diz que a Ordem que representa, a dos Economistas, tem sido ‘bombardeada’, nos últimos tempos, sobre perspetivas económicas, eventuais e múltiplas soluções, algumas mais positivas e outras mais negativas. Na sua intervenção, como primeiro orador após o primeiro intervalo de ontem para perguntas e respostas, o convidado do JM optou por focar a sua apresentação naquilo que pode o empresário fazer proactivamente nesta situação de pandemia, enquanto aguarda os acontecimentos que são mais fortes do que ele.
Referindo-se ao que aconteceu no primeiro trimestre deste ano, admitiu que a queda da economia foi imediata, mas disse que a recuperação é um mistério. Ou seja, “não sabemos se a recuperação será feita no chamado L ou U, que poderá perdurar muito tempo.
Os mais otimistas acham que há uma subida em V. Descobre- -se a cura amanhã e descobre-se que esta pandemia está ao nível daquela registada em 69/70, que não parou as economias mundiais. “Retomava-se imediatamente a confiança. Aquilo que tínhamos perdido era apenas um trimestre e recuperávamos em V”, explicou Paulo Pereira. Mas há ainda outra visão que tem a ver com uma queda igual às outras todas e a recuperação ser lenta no tempo mas acima de uma recessão que se auto alimenta. Mas o que a Ordem dos Economistas na Madeira teme é que a recuperação se venha a fazer em U, ou seja, perdurará muito no tempo.
No entender de Paulo Pereira, o que é preciso, enquanto se espera para ver como vai decorrer a recuperação, é saber gerir a tesouraria. Considerando que uma empresa, quando não tem dinheiro, ou não cumpre (o que não acontece, pois é cortada a eletricidade e os trabalhadores não aparecem), ou mete dinheiro do sócio ou endivida-se. O que vai acontecer é que grande parte das empresas vai se endividar.
“A agonia vai continuar e os que sobreviverem vão ter de cometer dívida”, conforme sublinhou Pau- lo Pereira, da Ordem dos Economistas na Madeira. Nesta sua intervenção nas Jornadas Madeira, que ontem decorreram no Salão Nobre do Parlamento regional e que se realizaram após um interregno desde fevereiro, altura em que aconteceu a primeira conferência, no concelho de Santa Cruz, Paulo Pereira afirmou que para não demitir os seus funcionários, o grosso dos empresários vai se endividar. E quando a situação se normalizar, a empresa terá quatro anos, em média, para pagar as linhas de crédito, tanto a regional como a nacional. Isto pressupondo-se que tudo voltará ao normal. Para se perceber se vale a pena hipotecar um bom dinheiro na empresa, Paulo Pereira diz que convém medir cenários. E o que se pode fazer neste momento, dentro da realidade empresarial, é gerir a tesouraria. Desde modelos mais simples a mais complexos, há soluções para todos os empresários. Nas situações das empresas de recuperação em V, Paulo Pereira admite que as mesmas vão ter problemas no próximo ano.
O economista é de opinião de que muitas empresas vão ter de ir buscar ajuda externa, o permitirá que todos empreendam.
Repensar o modelo de negócio
Só em último caso é que Paulo Pereira defende que os empresários devem repensar o modelo de negócio. Isto mesmo foi transmitido ontem. “Do pouco que as empresas podem fazer neste momento – uma vez que foram manuseadas por decisões legislativas e de Estado [não estou a fazer juízos de valor, mas a constatar], é olhar para dentro e, na sua gestão de tesouraria, usarem-na como grande fatia de sucesso”, afirmou ainda.
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