Apesar dos inúmeros desafios que se colocam ao setor, desde os macroeconómicos à inoperacionalidade do aeroporto e à mobilidade, o líder regional dos economistas mantém o otimismo.
Não são tempos fáceis os que aí vêm, apesar da esperança acalentada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e pelo início da recuperação económica. A opinião de Paulo Pereira, presidente da delegação regional da Ordem dos Economistas, foi, ontem, unanimemente corroborada pelo painel de oradores que participou na XIV edição da Conferência Anual do Turismo (CAT).
Num discurso incisivo, o líder regional dos economistas levou, ainda assim, uma mensagem de otimismo ao Centro de Congressos da Madeira, a fazer fé na resiliência da sociedade que pode servir para atenuar e até para “florescer” com os desafios globais emergentes.
Às dificuldades de recuperação das grandes economias mundiais que inevitavelmente vão se repercutir na Região e no País, à crescente inflação, à subida “brutal” dos custos operacionais de funcionamento e à crise energética, Paulo Pereira acresce outros desafios, a começar desde logo pela resposta dos Governos face à evolução da pandemia e as continuadas restrições impostas ao desempenho económico.
Neste cenário, a Madeira terá de enfrentar também a concorrência de outros destinos, estando igualmente sujeita às limitações do aeroporto, “à falta de voos e de alternativas competitivas às companhias aéreas” e à ausência de estratégia na gestão pública da TAP.
Se as empresas “tudo fizeram” para enfrentar a crise, certo é que se debatem agora com problemas como o endividamento e a falta de recursos humanos, vicissitudes que, aliadas à fraca competitividade fiscal do País e consequentemente da Região, dificultam, alerta Paulo Pereira, a atração de capital físico e humano externo.
BASTONÁRIO
Talento e inovação são chave do sucesso
Rui Leão Martinho, bastonário da Ordem dos Economistas, considera que os desafios colocados à escala global, como sejam o crescimento da inflação e a crise energética, devem ser atentamente acompanhados pelas empresas.
Criar uma economia sustentável, competitiva e inclusiva deve ser a meta do País, concluiu, considerando que a discussão ontem fomentada pela Conferência Anual do Turismo (CAT) foi muito profícua para o desenvolvimento da principal indústria da Região e destacando o alerta do empresário João Welsh para a importância da preservação do património e as análises sobre os desafios atualmente colocados à economia portuguesa e à escala global.
Rui Leão Martinho encerrou, ontem, no Centro de Congressos da Madeira, a XIV da Conferência Anual do Turismo (CAT) subordinada ao tema 'Resiliência e Recuperação', altura em que considerou Portugal como um País inovador que se deve focar na captação de talento e de inovação.
FOTO JOANA SOUSA
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‘Empresas Turismo 360’ ajuda na capacitação ESG
Presidente do Turismo de Portugal aconselha empresas da Madeira a acelerarem o processo de capacitação e de incorporação dos indicadores ‘governança ambiental, social e corporativa’.
Por Patrícia Gaspar
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O madeirense Luís Araújo, presidente do Turismo de Portugal e da ETC – European Travel Commission e do NEST – Centro de Inovação do Turismo, desafiou, ontem, durante a Conferência Anual do Turismo, evento organizado pela delegação regional da Ordem dos Economistas, as empresas da Madeira a aderirem ao Programa Empresas Turismo 360.
O novo programa do Turismo de Portugal conta com 19 parceiros e visa “acelerar a incorporação dos fatores ambientais, sociais e de governação nas empresas do setor”, esperando-se a participação de 2.000 empresas.
Luís Araújo considerou também um sinal muito otimista o facto de a Madeira ter superado em agosto os indicadores nacionais no que concerne à capacidade aérea. “Na Madeira, a procura pelo mercado nacional foi esmagadora e é preciso fidelizar este cliente", alertou.
O líder do Turismo de Portugal lembrou ainda que o País recuou 26 anos em 2020 ao nível de dormidas e dez anos nas receitas, mas começa a recuperar. "Estamos a crescer muito mais em receitas do que em dormidas e isto é o mais importante", vincou.
Com “seis mil milhões de euros para apoiar as empresas do setor, gerar confiança, garantir condições de segurança sanitária, ajudar a promover e a gerar negócio", podemos acreditar que em 2027, defende Luís Araújo, se alcance uma receita de 27 mil milhões de euros, embora as “previsões apontem para que apenas em 2023 o Turismo recupere os números de 2019”.
Luís Araújo define como prioridade o cumprimento dos objetivos da Estratégia Turismo 2027 cuja meta é alargar o Turismo a todo o território durante todo o ano.
A aposta na retoma da conectividade aérea, na capacitação do trade internacional, nas redes colaborativas como estímulo ao mercado interno e na segmentação de produtos e de consumidores são metas de um trabalho feito em parceria com as associações de promoção. No caso da Madeira, a APM tem, ressalva, promovido "um excelente trabalho".
Outra das prioridades do plano de marketing para 2021 é a promoção do Turismo sustentável que assuma como linhas de atuação o reforço da internacionalização da marca Portugal. Todavia, a Região tem na mobilidade um desafio importante. Luís Araújo destaca, contudo, as ligações conquistadas graças à parceria com a APM.
"Hoje há mais oferta de ligações do que existia em 2019, obviamente muito condicionada, mas com boas perspetivas", afirmou, lembrando que é preciso estimular a procura e manter o destino no topo das preferências dos turistas, comunicar melhor e apostar na oferta de produtos diferenciados e em segmentos como o LGBT.
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RECUPERAÇÃO
Eduardo Jesus confiante
O secretário regional do Turismo optou ontem por um discurso otimista na abertura da Conferência Anual do Turismo (CAT), focando o esforço no desenvolvimento de iniciativas de promoção e de reforço do conceito de destino seguro, através da certificação, da vacinação e da estratégia de combate à pandemia.
Eduardo Jesus, que apresentou, por motivos profissionais, a sua preleção por videoconferência, lembrou que o novo coronavírus abalou a confiança dos turistas, mas a Região teve sucesso na reversão, mesmo "no período mais duro do processo pandémico".
A Região quer agora solidificar a lógica de destino seguro e apostar na presença eficaz nos mercados emissores e está, afirmou, "perfeitamente preparada para acolher quem nos visita".
Com a retoma, têm aumentado as ligações aéreas, a aposta das companhias e a oferta de lugares, com o mercado nacional a ter um desempenho "impressionante" graças à parceria com a Associação Portuguesa de Agências de Viagem (APAVT).
Jesus espera que os contributos expressos na CAT possam apoiar a revisão da estratégia do turismo para 2027.
Ver artigo JM131121pag20
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