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Acompanhe e reveja todas as iniciativas desenvolvidas pela Delegação Regional da Madeira da Ordem dos Economistas.

Plaza Com Veja o episódio completo aqui.

 

“É preciso legislar novamente a Autonomia”

Economista Paulo Pereira alerta para os riscos da progressão do salário mínimo nas micro, pequenas e médias empresas. Da parte do Estado espera desburocratização e que deixe as empresas funcionar.

Paulo Pereira, presidente da Delegação Regional da Ordem dos Economistas, entrevistado ontem pelo JM, no centro comercial Plaza Madeira, defendeu que é “preciso legislar novamente a Autonomia, na área da burocracia, fiscalidade e legislação laboral”.

“Madeira tem limitações, na minha opinião, que a legislação impõe, fruto da nossa Autonomia. Ao fim de 50 anos, o modelo está esgotado. Poucas ferramentas novas nos dá. Na área da economia o que pedimos é que desburocratize, que saia da frente”, defende.

Segundo o economista, há promessas feitas em campanhas eleitorais que “são mentiras”, não encontram suporte no plano legislativo, porquanto a Assembleia “não pode mexer”.

Relativamente à progressão do salário mínimo até aos 1.200 euros, o economista alerta para o risco de “afogar os pequenos e médios negócios” e dá o exemplo de uma tabacaria, em que os preços dos produtos, como jornais, jogos, tabaco e cromos, estão tabelados deixando pouca margem aos empresários para os salários.


“Vão fechar muitos negócios”

“Progressão é decidida centralmente e artificialmente por alguém que não paga pelos seus eventuais erros. Não conheço nenhuma contrapartida, o que sei, e é bom que os trabalhadores tenham consciência disso, é que a cada aumento o Estado leva uma fatia; um terço vai para a Segurança Social”, diz.

Paulo Pereira pensa que entre as pessoas que ganham o salário mínimo, grande parte são sócios-gerentes e que são estes que mantêm “artificialmente muitos negócios”.

“Na restauração vão fechar muitos negócios. Ser dono de um pequeno restaurante é menos rentável do que trabalhar para um patrão”, perspetivou, na conversa, moderada pelo jornalista Alberto Pita.

O economista diz que a solução para a economia “não passa por estrangular as fontes de emprego” e acrescenta: “Daqui a uns anos, ou vamos todos trabalhar para o Governo, que é o que temos cada vez mais, ou vamos trabalhar para os grandes grupos”.


Lugares de topo fora da Região

Relativamente aos grandes grupos empresariais, adverte que só vão querer os recursos menos qualificados, já que os lugares de topo (como diretores de departamentos de marketing, recursos humanos, finanças e jurídicos) estão sediados foram da Madeira.

Posto isto, conclui que “os jovens talentos não terão emprego na Madeira” porquanto as “micro e pequena empresas (que são 90% do tecido económico regional) não poderão pagar à altura das ambições das pessoas”.

Questionado sobre a “saída de cérebros” da Região, Paulo Pereira adota um registo descontraído. “Felizmente temos mantido os principais, porque a nossa classe dirigente é sempre a mesma desde que eu me lembro, portanto não temos perdido esses cérebros”, respondeu.

Sobre os obstáculos que se colocam ao jovens para que possam empreender, considera que “não há uma cultura de empreendedorismo” e admite algumas dificuldades na abertura de uma empresa, com a falta de capital e a omnipresente burocracia. “Se abre uma empresa do zero e não desconta por mais lado nenhum, pode nem receber o salário mínimo, mas tem de pagar Segurança Social desde o primeiro dia”, exemplificou ainda.


Estado maior empregador

A experiência profissional é outro aspeto que considera importante. “O sonho é bonito, mas a experiência também é muito importante e para ganhar experiência é preciso trabalhar em lugares que ensinem mesmo. Nas empresas pequenas não temos uma grande afinidade com a universidade. Ao contrário dos governos, as empresas procuram ser eficientes, não se podem dar ao luxo de não produzir. Quando se vai buscar uma pessoa ao mercado queremos que ela produza. A formação é um processo no terreno. Nas nossas empresas estamos em modo de sobrevivência”, considera.

Perante as eleições que se aproximam, Paulo Pereira espera dos futuros dirigentes “coragem de governar não só por ciclo eleitoral”.

“Estado tem que reduzir a sua dimensão, libertar recursos financeiros através de redução de impostos, para ser possível reduzir impostos. É muito importante libertar recursos humanos. A economia privada está a perder pessoas produtivas para o Estado, que deixam de ser produtivas. E o Estado vai absorvendo por motivos políticos, eleitorais e governativos. Não podemos acabar todos nós, portugueses, nascidos cá, a trabalhar para o Governo e a ir buscar outros cinco milhões ao Nepal para trabalharem para nós. Não faz sentido”, argumenta.

No final da entrevista, como é habitual, o entrevistado é convidado a indicar o nome de uma instituição para receber o donativo do Plaza Madeira. A escolha recaiu sobre a Associação Abraço.

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